Em tempos de excesso de informação e compromissos, quase tudo se
apresenta como prioridade – o texto, para ser mais inteligente; o exercício
físico, para viver mais tempo ou o vídeo, para morrer de rir. Há ansiedade
pairando no ar.
Se não criarmos
critérios que nos permitam uma curadoria de nossa atenção, é fácil enlouquecer.
Afinal, há coisas que urgem; já outras têm um “tempo de validade” mais longo.
Muitas, não valem nem a atenção.
Mas a habilidade de selecionar e priorizar não é inata. Temos que desenvolvê-la ou confiar em ferramentas, como o Google, que, cremos, nos ajudam na tarefa de separar joio e trigo.
Mas a habilidade de selecionar e priorizar não é inata. Temos que desenvolvê-la ou confiar em ferramentas, como o Google, que, cremos, nos ajudam na tarefa de separar joio e trigo.
A criatividade tem
tornado a curadoria do tempo alheio um excelente negócio. A editora Eterna Cadência, por exemplo, conseguiu dar relevância a jovens
escritores cujos livros geralmente estão no poço da lista de prioridade de
leitores. Podemos até comprá-los, mas a leitura fica para depois - afinal, há
tantos autores consagrados que nem damos conta!
No entanto, comprar
um livro de um iniciante e mantê-lo na estante, ou seja, privá-lo de leitura,
pode significar a morte profissional precoce do autor. Não haverá segunda
chance ou segunda publicação a ele.
Por isso, utilizando
uma tinta especial que se esvai na exposição à luz, esses iniciantes são
lançados em livros com “prazo de validade” pela editora argentina Eterna
Cadência. Ao abrir o lacre das capas (o livro vem lacrado a vácuo), as letras
duram apenas dois meses nas páginas. É preciso lê-los logo. Depois, as palavras
simplesmente somem, deixam de existir; e o livro está pronto para ser reciclado
– em branco.
Assim, surgiu "El libro que no puede esperar", uma edição especial da editora.
Fonte: Gazeta do Povo, Texto e Alexandre Le Voci Sayad (adaptado)
Confiram também o vídeo do projeto:
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