sábado, 28 de julho de 2012

O Livro que não pode esperar



Em tempos de excesso de informação e compromissos, quase tudo se apresenta como prioridade – o texto, para ser mais inteligente; o exercício físico, para viver mais tempo ou o vídeo, para morrer de rir. Há ansiedade pairando no ar.
Se não criarmos critérios que nos permitam uma curadoria de nossa atenção, é fácil enlouquecer. Afinal, há coisas que urgem; já outras têm um “tempo de validade” mais longo. Muitas, não valem nem a atenção.
Mas a habilidade de selecionar e priorizar não é inata. Temos que desenvolvê-la ou confiar em ferramentas, como o Google, que, cremos, nos ajudam na tarefa de separar joio e trigo.
A criatividade tem tornado a curadoria do tempo alheio um excelente negócio. A editora Eterna Cadência, por exemplo,  conseguiu dar relevância a jovens escritores cujos livros geralmente estão no poço da lista de prioridade de leitores. Podemos até comprá-los, mas a leitura fica para depois - afinal, há tantos autores consagrados que nem damos conta!
No entanto, comprar um livro de um iniciante e mantê-lo na estante, ou seja, privá-lo de leitura, pode significar a morte profissional precoce do autor. Não haverá segunda chance ou segunda publicação a ele.
Por isso, utilizando uma tinta especial que se esvai na exposição à luz, esses iniciantes são lançados em livros com “prazo de validade” pela editora argentina Eterna Cadência. Ao abrir o lacre das capas (o livro vem lacrado a vácuo), as letras duram apenas dois meses nas páginas. É preciso lê-los logo. Depois, as palavras simplesmente somem, deixam de existir; e o livro está pronto para ser reciclado – em branco.
Assim, surgiu "El libro que no puede esperar", uma edição especial da editora.


Fonte: Gazeta do Povo, Texto e Alexandre Le Voci Sayad (adaptado)


Confiram também o vídeo do projeto:



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