segunda-feira, 28 de abril de 2014

Literatura comemora 450 anos de William Shakespeare


O autor escreveu 37 peças, além de vários sonetos e poemas e ganhou o público ao explorar sentimentos que todos conhecem muito bem. Seus textos foram traduzidos em mais de 80 línguas.
 
A literatura está comemorando 450 anos de um dos escritores mais famosos do mundo. É uma época de festa.  O país se orgulha de ter dado ao mundo um dos maiores contadores de histórias de todos os tempos. No fim de semana, milhares de pessoas celebraram o aniversário de Shakespeare na pequena cidade de Stratford-Upon-Avon, onde ele nasceu. 

O autor escreveu 37 peças, além de vários sonetos e poemas e ganhou o público ao explorar sentimentos que todos conhecem muito bem.
O teatro no tempo de Shakespeare era ambição e diversão de todos - ricos e pobres.  Era a rua, a forma de ligação entre as pessoas. Todos entendiam as emoções. Uma rede social que se estendia por vários pontos de uma Londres ainda medieval.  Para fazer teatro era preciso entender os poetas, que escreviam o texto.  Todos entendiam as emoções porque teatro é vida contada e recontada.
Londres tinha muitos teatros. O mais conhecido era o Globe - onde William Shakespeare dirigia, interpretava e ensaiava os textos que escrevia.

Hoje eles foram traduzidos e montados em mais de 80 línguas.  Uma companhia de teatro britânica vai encenar uma peça de Shakespeare em todos os países do mundo. Minas Gerais vai até ganhar uma réplica do Teatro Globe.

Por que tanto interesse?  A música da língua inglesa tão harmonizada, que no texto do poeta fica melódica.  Como na cena do balcão de Romeu e Julieta. Mas as palavras de Julieta não traduziram a realidade. Os dois enamorados morreram porque tinham nomes de famílias inimigas. Nas peças do poeta toda a gama de emoções, virtudes e perfídias se mostram em vários matizes.
Em Júlio Cesar, a traição; o ciúme doentio em Otelo; o assassinato e o castigo em Ricardo III. Em Macbeth, a ambição e a tirania; a corrupção e a vingança em Hamlet e em Sonho de uma noite de verão, o mundo encantado, a imaginação e o casamento feliz.

Fonte: Jornal Hoje de 28 abril 2014, Texto de Renato Machado

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O meu paraíso e o do Borges

"Borges disse que para ele a ideia de paraíso era uma biblioteca.  A minha ideia de paraíso é uma livraria. O motivo é muito simples. Quando era muito jovem, 10, 11 anos, eu já gostava muito de ler e, felizmente, lia com velocidade. Descobri que podia entrar em uma livraria, pegar o exemplar de algum livro que me interessasse e ficar uma meia hora segurando-o com muito cuidado enquanto o lia. Os livreiros não se incomodavam. Depois de algum tempo de leitura, às vezes meia hora, eu memorizava a página em que havia parado e ia para outra livraria, onde pegava o mesmo livro e continuava a  leitura. Assim, no fim do dia, como eu lia com grande rapidez, eu  teria terminado, ou quase terminado, o livro que estava a ler. E nunca,  nunca, nenhum livreiro me causou qualquer incômodo, perguntando  se eu queria comprar o livro ou se dirigindo a mim de qualquer outra maneira. Creio que eles, com inteligência e sensibilidade,  percebiam que eu era um leitor fanático, sem dinheiro para comprar  o livro, e, assim, me davam toda a liberdade para ler. Na verdade, até fingiam que não notavam a minha presença. 
O Borges, além de bibliotecário, ficou cego, e essa Biblioteca Paraíso dele devia surgir na sua imaginação apenas, enquanto a minha Livraria, o meu éden, existia na realidade, exibindo uma quantidade infindável de estantes com lombadas coloridas, livros que eu podia apanhar e ler na hora que desejasse.

Fonte: Texto de Rubem Fonseca. (Prefácio da obra "Eu queria um livro… " Organização de Leandro Müller, Agir, 2010. Adaptado). Ilustração de Lupuna.