quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os grandes para os pequenos

Os escritores consagrados da literatura adulta e suas obras voltadas às crianças

Quer ver um adolescente comum ter arrepios é mencionar na frente dele um grande nome da literatura – a genialidade que tornou alguns escritores essenciais e obrigatórios também acabou por criar o compromisso de ler suas obras na escola, e involuntariamente tirar boa parte do prazer em descobri-los. Como atiçar no leitor o interesse e o carinho pelos clássicos da literatura, antes que a obrigação “chata” de lê-los para a escola ou para o vestibular possa minar qualquer possibilidade? Não existe nenhuma fórmula para isso, uma solução possível é trazer o leitor, ainda que criança, para os braços dos autores consagrados. E não é necessário começar com as obras “difíceis”, adultas e potencialmente polêmicas: muitos autores notáveis escreveram alguns de seus livros pensando nas crianças como seu principal público. Ainda que na maior parte das vezes não sejam suas obras mais famosas, são pedaços de seus talentos explorando um novo território; portanto, imperdíveis para jovens e adultos.

Grandes exemplos

O quinze, primeiro e mais conhecido romance de Rachel de Queiroz já estava com quase quarenta anos quando a autora estreou na literatura infanto-juvenil, com O menino mágico (1969), sobre um garoto com “poderes mágicos” incríveis, como viajar para lugares fantásticos enquanto dorme e outras “habilidades impensáveis”. A história foi toda inspirada nas histórias que Queiroz costumava contar para os netos, e o sabor disso é todo percebido no decorrer da obra.
Ainda nos mundos mágicos, Johann Wolfgang von Goethe, uma das figuras mais relevantes do Romantismo europeu, escreveu o longo poema Aprendiz de feiticeiro, de 1797. Nele, conhecemos a história de um aprendiz que acha que já sabe tudo sobre feitiçaria, e se recusa a cumprir as ordens simples, dadas por seu mestre, preferindo fazer um encantamento para a vassoura trabalhar por ele. Walt Disney recontou no filme Fantasia de 1940, esta fábula sobre arrogância e consequências dos atos.
Com alguns autores a fama da obra produzida pensando nas crianças se entrelaça com a fama da produção para adultos, especialmente se mais de uma geração já cresceu acompanhada da obra infantil. É o caso de Vinicius de Moraes e sua rica produção poética: se é bem provável que a maioria dos brasileiros conheça os versos como “mas que seja infinito enquanto dure”, é difícil achar quem não conheça e cantarole “era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...”. Vinicius foi poeta ambivalente, transitando livre entre métodos e estilos e mais de uma vez visando com o público infantil, tanto em músicas quanto em poemas, em contraste com a carga realmente madura de seus trabalhos voltados para adultos.
Às vezes não apenas a fama, mas também as obras adultas e infanto juvenis se entrelaçam. Como exemplo, temos a obra de J. R. R. Tolkien. Seus livros mais famosos, os que compõem a trilogia O Senhor dos Anéis, são filhos da mesma mitologia que deu origem ao infanto juvenil O Hobbit, livro que guarda várias lições importantes, sobre amizade, confiança, coragem, lealdade e bondade.
O filho de Clarice Lispector quando estava com cinco ou seis anos obrigou a mãe a lhe escrever uma história. Muitos anos depois, quando a editora lhe pediu um livro infantil, Clarice resgatou o que tinha escrito para o filho: foi como nasceu O mistério do coelho pensante (1967).
Erico Veríssimo escreveu contos, novelas, romances e ensaios, e dentre eles doze obras de literatura juvenil. O primeiro deles foi As aventuras do avião vermelho, que fala sobre Fernando, um menino que ganha do pai um livro e um avião vermelho, de brinquedo.
Além de suas músicas, Chico Buarque escreveu contos, poemas e romances. Para crianças, em 1979 escreveu para a filha o livro-poema Chapeuzinho Amarelo. Com ilustrações de Ziraldo, conta a história de uma menina muito medrosa, amarela de medo de tudo, principalmente amarela de medo do LOBO – assim, em maiúsculas mesmo, um medo bem grande de um lobo “capaz de comer duas avós, / um caçador, / rei, princesa, / sete panelas de arroz / e um chapéu de sobremesa”. A história, além de divertida para crianças e com uma deliciosa lição de coragem e independência no final, também guardava uma boa porção de critica à ditadura militar no Brasil e quanto a todos os outros preconceitos e medos que as oprimem.
O inglês Neil Gaiman é um autor notável por sua produção de quadrinhos e livros fantásticos, sempre flertando temáticas caras aos contos de fadas, mas sempre escrevendo tendo em mente o público adulto. Até 2002, quando lançou seu primeiro livro infantil: voltando para crianças um pouco mais velhas, Coraline é uma história de terror fantástico, muitas vezes comparada a Alice no País das maravilhas de Lewis Carroll. Outros trabalhos infantis de Gaiman incluem Os lobos dentro das paredes, onde a pequena Lucy escuta ruídos do que ela garante serem lobos, vindos de dentro das paredes de sua casa. Os pais dela não acreditam em nada disso, até o dia em que os lobos realmente aparecem.

Fonte: Revista Literatura: Conhecimento prático, n. 35, Texto de Amália Pimenta

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Apossar-se de um tesouro

por Ana Maria Machado

"Quando eu nasci, era filha única. Mas isso não durou muito e virei a mais velha de um monte de irmãos. Somos 11. E tínhamos uma quantidade de primos inacreditável: tanto meu pai como minha mãe tinham seis irmãos. Alguns desses tios tiveram uma filharada, o que me deu 14 primos mineiros, 7 gaúchos, muitos fluminenses, outros tantos capixabas. De perder a conta e o fôlego. Principalmente porque nas férias de verão convivíamos pelos mesmos quintais numa praia do Espírito Santo, por onde a família se espalha desde 1916.
É com alegria que a gente vai acompanhando as transformações e vendo como a garotada continua brincando na praia, correndo pelos gramados e subindo pelos galhos de goiabeiras, mas é capaz de ficar horas em torno de games, de tablets nas mãos. Ou de livro nas mãos, um mais velho lendo para os menores, como tantas vezes fizemos ou ouvimos na nossa infância.
Agora (como sempre) os recém-alfabetizados andam dando sua leitura em voz alta de presente aos pequeninos, fascinados com aquela mágica de transformar papel com manchinhas de tinta em histórias que fazem sonhar. Têm à sua disposição um excelente acervo que a literatura infantil brasileira foi construindo ao longo das últimas décadas. Uma variedade de alto nível, com uma riqueza de repertório de que muito poucas culturas podem se gabar em nossos dias.
Ao mesmo tempo, mesmo já lendo, não querem perder a alegria de escutar com atenção uma história lida. Começam a pedir aos pais que lhes contem outras, mais compridas, sem tanta figura para distrair. E vejo os pais deles, meus sobrinhos, em busca do repertório que os deliciava na infância – histórias tradicionais populares como a de Pedro Malasartes ou João Bobo, contos de fadas, a obra de Monteiro Lobato ou Cazuza, de Viriato Correia. Vivem uma experiência emocional gostosíssima, de descobertas conjuntas e encantos compartilhados. Ao mesmo tempo, têm a oportunidade de levantar dúvidas, medos, angústias e tentar aprender a conviver com as inevitáveis zonas de sombra que nos acompanham.
Além de todos esses aspectos positivos no terreno da afetividade, evidentes por si só, observo como esse processo vai construindo neles um embasamento humanista para o futuro, paralelo à aquisição de parte de um legado cultural milenar, que constitui um tesouro das civilizações.



Não vivemos apenas de tecnologia de ponta e modas passageiras. Além da inserção no contemporâneo, precisamos também fincar raízes em uma linha de continuidade e ter a segurança de certa permanência, fixada na cultura da humanidade que vem sendo construída há milênios. Sentir que coisas diferentes têm ritmos diferentes. Umas exigem resposta imediata, quase automática. Outras demandam um tempo de reflexão e entendimento -para amadurecer uma reação. Precisamos de ambas as experiências. Uma alimenta a outra. E nós nos nutrimos de todas.
Vários estudos demonstram que a aquisição desses repertórios na infância contribui enormemente para o desenvolvimento das capacidades próprias e estimula a imaginação tão necessária a cientistas, inventores, artistas e estadistas. Fundamental para sonhadores ou para empreendedores. Na Universidade de Cambridge, por exemplo, a professora Juliet Dusinberre pesquisou as leituras infantis de vários monstros sagrados das letras em língua inglesa no século XX e fez algumas descobertas interessantes.
Entre elas, a de que todos os que revolucionaram essa literatura no Modernismo, com suas experimentações radicais na linguagem ou na maneira de contar histórias (como James Joyce, Virginia -Woolf e -Ernest -Hemingway), -tinham tido intenso convívio, em criança, com a leitura de obras de autores sem condescendência com a facilitação no que escreviam, e sem -preo-cupação em insistir em dar lições.
Ou seja, autores como Lewis Carroll, de Alice, Robert Louis Stevenson, de A Ilha do Tesouro e O Médico e o Monstro, ou Mark Twain, de As Aventuras de Huck.
Autores que não faziam a menor concessão a um linguajar simplificado ou a uma história paternalista de heróis e vilões claramente divididos, mas pelo contrário, erigiam desafios à leitura infantil e exigiam cumplicidade na decifração de significados mais profundos. Mas, ao mesmo tempo, foram capazes de criar enredos empolgantes e personagens atraentes.
Naquele tempo, sem a concorrência de outras tecnologias mais visuais e eletrônicas, as crianças desenvolviam muito cedo o fôlego de leitura que lhes permitia mergulhar nessas obras, logo que se alfabetizavam.
Hoje, provavelmente, os primeiros passos por esse território serão mais firmes se acompanhados por um adulto que leia junto e comente – ou a partir de leituras em voz alta ou em leituras paralelas que se reúnam depois numa conversa sobre um episódio lido. Em ambos os casos, será uma experiência deliciosa e enriquecedora para as duas partes.

Fonte: Revista Carta Fundamental, n. 35 (Fevereiro/2012)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Convite Barganha Book 04/03/2012

Convidamos todos à participarem do Barganha Book que ocorrerá no próximo domingo, dia 04/03. Atentamos para a mudança de horário do evento, que a partir de agora ocorrerá no horário das 9h às 12h.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Livros pop-up: diversão em dobro!

Os livros pop-up, são aqueles que ao abrir uma de suas páginas, uma estrutura de papel se forma como uma imagem tridimensional contribuindo para a imaginação de crianças e adultos.

O artista Robert Sabuda cria livros pop-up, mas hoje mostramos aqui o título “Alice’s Adventures Wonderland” que conta a história de Alice de um jeito único.

Confiram algumas fotos e o vídeo feito do livro





  


Fonte: Hypeness: Inovação e criatividade para todos

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Livro precisa ser um vício

Entrevistando Fanny Abramovich

O segredo com crianças de 7 a 9 anos, segundo a escritora, é não forçar a barra

Mais de 40 títulos para crianças e adolescentes estão no currículo da escritora Fanny Abramovich, que também já esteve “do lado de cá” da sala de aula: ela foi professora de Educação Infantil e arte-educação por mais de 30 anos. Seus primeiros livros instigavam professores a repensar seu papel, como em Que raio de professora sou eu (Ed. Scipione). Hoje, no entanto, é ficção o que ela mais gosta de escrever.
 
Como estimular a leitura entre crianças de 7 a 9 anos?
FANNY ABRAMOVICH Contar histórias com paixão e não forçar a barra são formas de estimular a leitura. Muitos alunos meus, de 40 anos atrás, já me encontraram pela vida e ainda lembram do jeito como eu contava histórias. Eles não esquecem porque isso os marcou. Ler não pode ser hábito, tem de ser vício. E contar histórias, ler para as crianças, ajuda a "viciá-las".

Por que nessa idade histórias de terror fazem tanto sucesso? O que exatamente mobiliza o interesse delas por esse tema?
FANNY
Não acho que sejam apenas histórias de terror que interessam às crianças nessa faixa etária. Elas gostam de ler histórias engraçadas, tristes, de suspense, de comédia... O que realmente as prende é a emoção. Mas os monstros representam o medo das crianças, e talvez por isso algumas gostem tanto desse gênero literário.

A criança dos anos 1970 não é a mesma de hoje. O que mudou? O que elas liam há 30 anos? Lia-se mais naquela época?
FANNY Boas histórias atraem as pessoas através dos tempos. Não me consta que as pessoas deixaram de gostar das histórias da Bíblia ou de fadas. E não acredito que apenas as crianças lêem menos. No sistema escolar, quem está lendo menos são os educadores. E eles influenciam bastante a leitura junto à garotada. Hoje, criam-se salas especiais de leitura, com professores especializados, cursos de mediação de leitura e mais uma série de recursos. Nesse processo, aquilo que era uma "simples gostosura" - sentar no chão e contar histórias - acaba se perdendo.

O que mais atrai em sua obra?
FANNY Meus livros fazem sucesso porque são engraçados, não têm lição de moral e são escritos em linguagem coloquial. Mas faz apenas dez anos que escrevo para o público infantil. Antes, eu escrevia para jovens e, antes ainda, para educadores. Escrever para crianças não é fácil. É preciso ritmo e poesia, além de saber contar uma história com poucas palavras.

Fonte: Revista Nova escola, edição especial n. 18, Texto de Débora Menezes

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O que a leitura pode fazer por você?

Pergunte a si mesmo: o que a leitura me proporciona de bom? É essa a proposta do cartaz criado pelo movimento “Educar para Crescer”. Em seu site é oferecido o download do cartaz com o intuito de divulgar a importância da leitura em escolas e instituições que valorizam e defendem o poder de um livro!


Fonte: Educar para Crescer

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Os fantásticos livros voadores do Sr. Morris Lessmore

Esse belíssimo curta metragem é uma fábula sobre pessoas que dedicam suas vidas aos livros, sobre os poderes curativos de uma história e, especialmente, sobre o amor aos livros. O filme é dirigido pelo animador William Joyce e pelo co-diretor Brandon Oldenburg (ambos do Moonbot Studios). São 15 minutos de pura magia e emoção. Vale dizer que esse filme concorre ao Oscar 2012 na categoria de melhor curta de animação !

Um verdadeiro encanto para quem, como nós, adora ler...



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Leitura estimula idosos a compartilharem suas histórias de vida

Uma atividade de humanização hospitalar implantada no Hospital das Clínicas (HC) da USP (FMUSP) desde abril de 2009 vem dando um novo estímulo aos pacientes com mais de 60 anos internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT). Trata-se da "contação de histórias" e do incentivo à leitura, iniciativas que, muitas vezes, acabam por levar os pacientes a relembrarem as suas próprias histórias, sua juventude e vivências.

A idéia é da Equipe da Brinquedoteca do IOT, com apoio do Comitê de Humanização do Instituto, coordenado pela terapeuta ocupacional Thais dos Reis Olher. Ela teve a idéia de implantar o projeto e orientou uma das recreacionistas do Instituto, Alexandra Cavalcanti, para que ela fizesse o curso Biblioteca Viva. Trata-se de um programa desenvolvido desde 1995 pela Fundação Abrinq em parceria com o Citigroup, com apoio do Ministério da Saúde, que tem o objetivo de fazer a "mediação" de histórias para o público infantil.
"Mas logo em seguida, o grupo Viva e Deixe Viver, voltado para a infância e adolescência, começou a trabalhar com as crianças do Hospital. Então, para não repetir a mesma atividade, pensamos que poderíamos adaptar os conhecimentos adquiridos no curso Biblioteca Viva para o público da terceira idade", conta Thaís. Segundo ela, existia uma demanda no sentido de oferecer alguma atividade recreativa aos internos desta faixa etária.

Escolhendo um livro
Uma vez por semana, Alexandra visita as enfermarias do IOT e se apresenta aos pacientes com mais de 60 anos, explicando como funciona o trabalho. Então ela pergunta se eles querem ouvir alguma história. Em caso positivo, o paciente escolhe se quer que ela conte ou se prefere ele mesmo ler o livro. "Em alguns casos, deixamos o livro com o paciente, que na semana seguinte faz comentários sobre a história", afirma Thais. A atividade é voltada especificamente para o público da terceira idade, mas muitas vezes há um paciente mais jovem no quarto. Nesse caso, ele também é convidado a participar.

Contando sua história de vida

Segundo Thais, o resultado é muito bom, pois estimula muito o paciente idoso. Muitas vezes ao ouvir as histórias, ele acaba lembrando de acontecimentos que viveu na juventude, ou de hobbies que exerceu ou acaba associando com algo muito próximo e familiar. Então, é comum que eles não apenas ouçam, mas também contem suas próprias histórias de vida. Há ainda aqueles que acabam percebendo que já leram aquele livro. "Muitos deles acabam retomando o hábito da leitura, por vezes abandonado há alguns anos", aponta.
A terapeuta ocupacional lembra que a terceira idade é a faixa etária mais suscetível a quedas e fraturas, motivos que ocasionam a maioria dos internamentos no IOT. "Então essa atividade ajuda os pacientes a amenizarem a internação, já que eles não conseguem esquecer que estão internados, e a tristeza que muitos sentem por estarem com problemas de saúde. Ao relembrar sua própria história, o paciente idoso, apesar de estar fragilizado, muitas vezes com fraturas, percebe que tem um lado saudávelm ligado a suas memórias de vida", afirma Thais.

Os livros
Os livros utilizados na atividade vão desde "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, passando por "Marcelo, Marmelo, Martelo", de Ruth Rocha, até obras de grandes autores, como Érico Veríssimo. Thais explica que a proposta original é usar livros menores, de 20 a 30 páginas, com muitas ilustrações. Se o paciente gostar, o grupo oferece outra obra com um número maior de páginas para que ele leia até a semana seguinte. Há livros sobre os grandes mestres da pintura (que trazem muitas ilustrações) e sobre personagens de Walt Disney.
"Já tivemos pacientes que perguntaram se tínhamos a Bíblia. Havia um exemplar conosco e deixamos com eles", conta. O grupo também dispõe de revistas de assuntos diversos, desde carros, semanais, de informação, para o público adolescente e até revistas de fofoca. Todo o material é fruto de doação de pacientes e funcionários. São realizados, segundo Thaís, cerca de 50 atendimentos por mês.
Thais comenta que essa atividade fez com que um paciente contasse toda a sua trajetória de internação dentro do Hospital das Clínicas. "Ele falou sobre todos os setores que já havia passado no HC e os motivos das internações. Por fim, disse que o melhor lugar que havia ficado tinha sido o IOT", afirma. Segundo ela, uma das idéias do grupo, para o futuro, é passar a anotar essas histórias para publicá-las, seja interna ou externamente. "Mas por enquanto ainda estamos estudando essa possibilidade, firmando mais o projeto, para empreender a iniciativa", finaliza a terapeuta ocupacional.

Fonte: Diário da Saúde, Texto de Valeria Dias

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Leitura: você faz a diferença


"Na vida de cada leitor existiu, quando
criança, um adulto que o introduziu no 
mundo dos livros"

A escrita, os livros e a leitura estão presentes em várias expressões que enchem nossa boca e nossos ouvidos. Quem é que nunca ouviu a frase “o homem que vale mais”? Ou que gostaria que sua vida ou a de alguém fosse um livro aberto? E qual mãe, depois do almoço de domingo, não tem vontade de perguntar a todos da família onde está escrito que cozinhar e lavar pratos é tarefa somente de mulheres? Às expressões acima somam-se tantas outras... Puxe pela memória. Você vai se lembrar! Em todas elas, as palavras leitura, escrita e livros têm sentido positivo. Atestam e passam recibo do valor de uma pessoa, da transparência e inteligibilidade de um processo, da forma escrita como determinadora ou, pelo menos, de influenciadora de normas e comportamentos. No entanto, ouvimos a todo momento dizer que o brasileiro lê pouco. E por que um povo que em tese não gosta de ler atribuiria tanto valor à leitura a ponto de fazer dela e dos livros metáfora de valores construtivos? Talvez a história não seja bem assim e a questão não esteja na quantidade de romances, ficções e aventuras consumidos anualmente.
Pesquisas recentes sugerem que no Brasil se , sim. Só que não os autores que deveriam ser os mais lidos e os mais apreciados. Sobre esse assunto, consulte o site da Universidade de Campinas (www.unicamp.br/iel/memoria). Agora tente recuperar a sua própria história de leitor. O que você realmente gosta de ler em suas horas vagas? Como começou a apreciar esse tipo de literatura? Qual o primeiro livro lido por você? Lembra-se de como esse exemplar chegou a suas mãos? As primeiras leituras foram experiências agradáveis ou dolorosas? Na sua trajetória individual você encontrará pontos em comum com a de outras pessoas. Seria ótimo se todos pudessem compartilhar essas vivências, pois a história de leitura de cada um de nós pode coincidir em muitos pontos com a história da leitura no Brasil.Mas o mais importante é que encontraremos na vida de cada leitor, quando criança, um adulto afetivamente próximo a ele que era emocional e intelectualmente ligado aos livros. Foi provavelmente essa pessoa que iniciou o jovem no mundo da leitura.

Fonte: Revista Nova Escola, n. 168, Texto de Marisa Lajolo*

*Marisa Lajolo é professora de literatura na Unicamp. É autora, entre outros títulos, de Monteiro Lobato: um brasileiro sobre medida (ed. Moderna)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O livro é um mundo mágico


Entrevistando Tatiana Belinky

Para a escritora, cabe tudo dentro dele: castelos, florestas, cidades inteiras!

A história de vida de Tatiana Belinki é tão emocionante quanto os livros que ela escreve para as crianças. Nascida na Rússia, poliglota e escritora desde sempre, chegou ao Brasil aos 10 anos, fugindo com a família das mazelas da guerra civil provocada pela revolução comunista que, em 1917, fez nascer a antiga União Soviética. Seu primeiro livro infantil, Limeriques (Ed. FTD), foi publicado em 1987. Hoje, aos 89 anos, ela continua escrevendo - à mão, com uma caligrafia que não envelhece com o passar do tempo.

Como estimular a leitura entre crianças de até 3 anos?
TATIANA BELINKI Não fico me preocupando com idade. Escrevo o que me dá vontade naquele dia, e a faixa etária que me escolha. Mas o fundamental é ler histórias, ter sempre muitos livros por perto e cantar. Música é fundamental, mas tem de ser de qualidade. É por isso que, no mundo inteiro, existem as músicas de acalanto. Elas são feitas para assustar, mas a letra não importa. A criança ouve o acalanto, depois a voz da mamãe e, em seguida, dorme muito bem.


Qual o significado da fantasia no universo da criança?
TATIANA A fantasia é tudo. Sempre digo aos pequenos que o livro é um objeto mágico, muito maior por dentro do que por fora. Por fora, ele tem a dimensão real, mas dentro dele cabe um castelo, uma floresta, uma cidade inteira... Um livro a gente pode levar para qulquer lugar. E com ele se leva tudo.

Por que os contos acumulativos - aquele em que, sucessivamente, se vão acrescentando novos elementos - funcionam tão bem com bebês?
TATIANA Todo mundo gosto de repetição, inclusive as crianças, porque fica mais fácil de memorizar. Quem gosta demais de alguma coisa sempre quer experimentá-la de novo. Isso vale para tudo: do prato que você não cansa de pedir no restaurante ao livro que a gente lê e relê inúmeras vezes.

Livro infantil que se preze deve ter "Moral da história"?
TATIANA Não gosto disso. Uma vez, a dona Benta contou uma história cuja moral era "fazer o bem sem olhar a quem". A Emília discordou: "Para os maus, paus!". Que me desculpe a Capitu (personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis), mas a Emília é a mulher mais inteligente do Brasil! E, além de tudo, é mágica! Eu queria ser mágica. Queria ser uma bruxa. Mas bruxa bonita, como a madrasta da Branca de Neve.

Fonte: Revista Nova Escola, edição especial nº 18

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Gibis: diversão e incentivo à leitura

Os quadrinhos são uma ótima maneira para você motivar seus filhos a lerem desde cedo. Conheça um pouco da história desse gênero.


Os quadrinhos são o primeiro livro da criança. Quem afirma é Gualberto Costa, que há 30 anos atua na área de História em Quadrinhos e hoje é presidente do Instituto Memorial das Artes Gráficas do Brasil (IMAG). "Muita gente pensa que, ao ler gibis, a criança ficará preguiçosa para ler livros. Mas isso não é verdade. Os quadrinhos são um incentivo à leitura e fazem com que a garotada se interesse em procurar outras fontes", diz. Segundo ele, o país é um dos que mais consome história em quadrinhos e um dos pioneiros dessa arte com o lançamento, em 1869, de As Aventuras de Nhô Quim, de Ângelo Agostini, em capítulos semanais na revista Vida Fluminense. 

Fonte: Revista Crescer, Texto de Simone Tinti                                    


E você, qual o seu Gibi favorito? Conte pra nós !