segunda-feira, 26 de março de 2012

"The Library", por Grant Snider

Como é uma biblioteca vista como um todo? Que segredos estão escondidos em seus subsolos? Essa é a proposta do pôster "The Library" idealizado por Grant Snider. Seu trabalho esbanja criatividade e humor. Confira!



sexta-feira, 23 de março de 2012

Contadores de causos

Projetos que trabalham com crianças despertam o prazer da leitura ainda na fase da alfabetização

Graças a alguns projetos, regiões distantes dos grandes centros urbanos não ficam sem uma biblioteca se o único obstáculo para a chegada dos livros for a localização. A Expedição Vaga Lume, por exemplo, desde 2001 leva livros até comunidades rurais da Amazônia. O acesso da garotada à leitura é garantido com a doação de estrutura para exposição das obras e a formação de mediadores de leitura e multiplicadores - capacitados a ensinar e eleger novos voluntários para fazer a ponte entre o livro e o leitor. O diferencial é a valorização das tradições regionais e o fortalecimento dos vínculos. "Nas comunidades, todos se conhecem, e os mediadores costumam ser professores ou líderes comunitários", explica a educadora Joana Arari, integrante do projeto. Segundo ela, essa aproximação aumenta o interesse pelas histórias que são contadas. Não por acaso, os livros mais solicitados são os artesanais, produzidos com base em lendas ou causos contados pelos moradores durante as rodas de prosa e confeccionados pela comunidade com tecidos e bordados. 
Em Barreirinhas, a 259 quilômetros de São Luís, quatro comunidades são atendidas pelo projeto. E o desenvolvimento proporcionado pelas ações da expedição foi notável: até o fim de 2007, quatro bibliotecas tinham sido instaladas, totalizando 1 451 livros para atender 1 483 crianças de quatro escolas. Sem contar a formação de 97 mediadores de leitura e seis multiplicadores. Houve avanços também com as novas iniciativas que surgiram na região por influência do projeto. 
A professora e multiplicadora Cleonicy Martins de Sena Conceição, por exemplo, foi uma das idealizadoras do projeto Caixote Na Costa, Leitura Posta. "Eu e mais cinco pessoas colocamos livros nos minicaixotes que fazem parte da estante de livros e fomos expandir os ideais da Expedição Vaga Lume para mais duas comunidades", explica. Já Edileusa Vale Silva, que só aprendeu a ler aos 11 anos, aproveita os ensinamentos do projeto para enriquecer as leituras que já promovia em casa. Ela começou atendendo 15 garotas - amigas de suas filhas - que iam mal na escola. Agora, já são 40 crianças. "O esforço vale a pena. Um dia desses, um garoto que hoje tem 8 anos disse ter aprendido a ler na minha casa, e que só se esforçou porque queria ler para mim, como faço para ele."

Fonte: Revista Nova escola, edição especial n. 18, Texto de Flávia Ribeiro com colaboração de Daniela Talamoni

terça-feira, 20 de março de 2012

Projeto “Romance aos Pedaços” ganha voz na Rádio UFSCar

Confiram a reportagem sobre o projeto “Romance aos Pedaços” veiculada no portal de notícias de São Carlos e região, o Portal News. Aproveitem e ouçam dois áudio vídeos feitos pela biblioteca de trechos que estão sendo veiculados na Rádio UFSCar.

"O projeto é uma ação cultural de incentivo à leitura que integra também o programa de atividades da Divisão de Incentivo à Leitura, desenvolvido pelo SIBI (Sistema Integrado de Bibliotecas) de São Carlos. Atualmente a veiculação do “Romance aos Pedaços”, online, é feita sempre às quintas-feiras e, impresso, aos domingos. O projeto atinge uma gama variada de público, em parceria com a rádio UFSCar, na locução da jornalista Simone Bezerra."

Para ouvir é só sintonizar 93,5 FM ou pela internet www.radio.ufscar.br/

Para receber o romance virtualmente mande um e-mail para biblioteca-euclides@saocarlos.sp.gov.br

Áudio vídeos do Projeto

São Carlos contada em histórias



O retrato de Dorian Gray


Fonte: Portal News

Convite Concurso Anual de Monografias

segunda-feira, 19 de março de 2012

Campanha de incentivo à leitura “The Gift Of Reading”

A agência Bleublancrouge acaba de lançar uma belíssima campanha para a Literacy Foundation. Com o objetivo de conscientizar as pessoas de que a falta de leitura faz com que a imaginação das crianças morra e desapareça. A campanha intitulada “The Gift Of Reading” completa 10 anos e surge com um material impresso da melhor qualidade e um comercial de TV simplesmente fantástico. A idéia é mostrar personagens de contos infantis, só que de um outro modo. Os personagens como Cinderela, Peter Pan, os anões, Chapeuzinho Vermelho, aparecem completamente doentes e sem vida. O foco é conscientizar que a leitura alimenta a imaginação das crianças, e a falta da leitura durante a infância pode ter danos irreversíveis na vida de uma pessoa. A produção ficou por conta da La Fabrique d’Images, com pós produção da Buzz Images. O nome é “Cinderella”. 


Confiram o vídeo:

sexta-feira, 16 de março de 2012

Ler é conversar consigo para melhor conversar com os outros.

Entrevistando Fabrício Carpinejar

Poeta, cronista, jornalista e professor, Fabrício Carpinejar (junção dos sobrenomes da mãe, Carpi, e do pai, Nejar) fala da leitura em um tom poético e criativo e diz que a estante não tem portas justamente para que as pessoas possam pegar os livros sem cerimônia. Para ele, quando o livro for tão importante quanto um domingo, com certeza os níveis de leitura no Brasil serão muito mais elevados.
Em sua opinião, qual é a importância da leitura na vida das pessoas?
FABRÍCIO CARPINEJAR A leitura não nos empresta somente palavras, nos empresta silêncio. Quem não lê dificilmente aprende a ficar quieto, aceitando a solidão como parte do pensamento. Ler é conversar consigo para melhor conversar com os outros. É organizar a experiência. Todo o turbilhão de fatos, lembranças, sequência de nossa vida pode ficar solto sem uma literatura que o organize. Não teríamos hierarquia, ordem, força nas idéias. Seria um caos sensitivo.
Qual é o papel da família na formação dos leitores?
CARPINEJAR A tarefa de casa não precisava existir na escola, é da família. O livro sempre foi um elo para entender meus pais. Deixavam cartas dentro das obras, trechos sublinhados. O livro é a toalha de mesa do café da manhã, do almoço e da janta. Objeto acessível, que não era endeusado. Muitas vezes, os pais criam bibliotecas para a criança pedir licença para mexer. Biblioteca tem que ter a naturalidade de nosso braço. É puxar de cima e amar. Assim como o hábito de contar histórias seduz a criança. É um teatro que ela dispõe por alguns minutos para ouvir a voz paterna e materna. Depois, eles vão procurar a voz dos pais nos livros e vão encontrar a sua. O livro fica em nossa vida quando emoldurado de encontros afetuosos. Todo jovem tem uma trilha sonora, eu tenho uma biblioteca para ouvir e guardar minhas mais fortes recordações. A escrita pode ser tão atraente quanto à música. Está esperando bons intérpretes.

Você acha que é possível despertar o interesse pela leitura em pessoas mais velhas, tardiamente alfabetizadas, os chamados neoleitores? Que ações recomenda nesse sentido?
CARPINEJAR Diante da solenidade da leitura, se a criança pede - infelizmente - licença para ler, o adulto tardiamente alfabetizado é obrigado a pedir desculpa. Ele lê com culpa, com medo de errar, de se envergonhar por não ter feito isso antes. O trabalho é retirar a carga de sacrifício e pesar, de vitimização. Cada um tem seu ritmo e sua mensagem. Indicaria o uso da vida cotidiana e o emprego da oralidade criativa e alegre para os neoleitores. Cantar, contar histórias, redigir cartas para família, preencher pedidos de emprego. Ler a vida para ler um livro, para ler depois o livro de sua vida. Outra coisa: somos analfabetos perante os nossos próprios sentimentos. Ninguém é culto o suficiente para lidar com o milagre vulnerável da pele. Diante da paixão, somos analfabetos e vamos soletrar o nome da amada. Diante da dor, somos analfabetos e vamos repetir as tristezas até acomodá-las. Ninguém nunca está atrasado para se revelar.

O brasileiro ainda lê pouco. Para você, qual a razão disso? O que pode ser feito para melhorar a situação?
CARPINEJAR Lê pouco porque não entende a leitura como uma escolha, mas como uma obrigação. E vamos adiar o que não escolhemos. O livro tem de ser muito mais familiar do que a gente costuma ligar, manejar. Tem de ser algo mais acessível. A gente ainda trabalha o livro como estudo, não como prazer. Temos que estudar mais. Então ler mais é estudar mais, é se preparar mais. O livro é justamente o contrário também. É como jogar futebol, vôlei. É de uma certa forma se descontrair mais, conversar mais, se alegrar mais. Eu não vejo um produto tão lúdico e tão aberto a essas referências referentes à imaginação. É óbvio que o livro é visto como trabalho. Eu acho que o livro é um jogo. A partir disso, um jogo de idéias, assim como os socráticos e os filósofos gregos se divertiam na argumentação, assim como os repentistas se divertem procurando o riso pelas palavras, assim como os trovadores do RS se divertem procurando a bravata, o chiste. É o modo como a gente lida ainda com a cultura. A gente lida como resíduo de um sistema de trabalho. Ela não está inserida ou enquadrada num contexto de contentamento e de final de semana. Quando o livro for tão importante quanto um domingo, com certeza os níveis de leitura no Brasil serão muito mais elevados.
Se você quer conhecer mais sobre este escritor acesse o site www.carpinejar.com.br ou o blog: http://fabriciocarpinejar.blogger.com.br

Fonte: Portal do Professor, edição 21

quarta-feira, 14 de março de 2012

Artista americano transforma cabines telefônicas em bibliotecas comunitárias

Intervenção urbana foi inspirada em projeto realizado com sucesso no Reino Unido

O arquiteto americano John Locke encontrou uma nova forma de utilização de cabines telefônicas antigas, transformando as estruturas em bibliotecas comunitárias. Inspirado em um trabalho semelhante realizado por James Econs, no Reino Unido, o projeto consiste em instalar estantes de livros dentro das cabines, onde os frequentadores podem emprestar, trocar ou ler os títulos no próprio local.


Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios (Notícia da redação)

terça-feira, 13 de março de 2012

Quando livros ganham vida

O estúdio Andersen M cortou, colou e brincou pra criar o belíssimo vídeo para a NZ Book Council. Um stop motion todo feito em um livro. Vale a pena conferir.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Olhem nos olhos das bibliotecárias

Hoje é comemorado o Dia do bibliotecário. Parabéns a todos os bibliotecários e bibliotecárias que dedicam sua vida às bibliotecas e aos livros.


"Apanhei o minissanduíche triangular de pão branco, macio, recheado com duas fatias, uma de queijo prato, outra de presunto, coloquei na boca. Desapareceram as centenas de bibliotecárias, emudeceu o som, sumiram os garçons que ocupavam o hall do Masp, apagou-se o coquetel e me vi no trem da Companhia Paulista com minha mãe desamarrando as pontas do guardanapo levemente úmido e tirando o lanche que tanto esperávamos, meu irmão Luis e eu. Aqueles momentos voltaram durante o coquetel servido no Masp, após a homenagem do Conselho Regional de Biblioteconomia a algumas pessoas que contribuíram para este mundo essencial na cultura de qualquer país, as bibliotecas. Apanhei o meu prêmio que leva o nome de Laura Russo, a mulher que conseguiu a regulamentação da profissão em 1962 e foi diretora da Mário de Andrade, biblioteca ícone em São Paulo. Na hora de agradecer, cada um tinha dois minutos, igual ao Oscar. Lembrei as minhas bibliotecas. A primeira, a do meu pai, sempre por mim celebrada, enorme para a época, tratando-se de um ferroviário. Nela, líamos juntos, ele e eu. A segunda, a da escola de Lourdes Prada, em Araraquara, onde fui apresentado à clássica Coleção de Contos de Fadas do Mundo, abrindo meu mundo.
Uma vizinha, Odete Malkomes, possuía O Tesouro da Juventude completo, mantido em uma estante fechada. Odete agia como uma espécie de bibliotecária, emprestava um volume por vez, verificava as condições do retorno, se o livro estava limpo, sem manchas, sem páginas arrancadas. Uma parente, Maria do Carmo Mendonça, tinha toda a Coleção Infantil Melhoramentos (adoraria rever aquele conjunto deslumbrante de cem livros), cujo número 1 foi O Patinho Feio. Maria do Carmo também era meio bibliotecária, emprestava, marcava o que emprestava, vigiava, pedia de volta numa data estipulada, sob pena de nunca mais emprestar, ameaça que me fazia tremer. Com ela aprendi a ler no prazo.
Não me esqueci de Marcelo Manaia, que regeu a Mário de Andrade de Araraquara (lá também tem uma) por anos. Quando ele chegou, havia uma norma moralista que determinava: os livros "fortes" deviam ficar trancados, emprestados somente a maiores de idade. Entre os "fortes" estavam Jorge Amado e Pittigrilli. Pois Marcelo, filho de um italiano consertador de sanfonas, simples, intuitivo, espírito aberto, assumiu e liberou geral, entregava Jorge Amado às moçoilas e até indicava as páginas em que havia cenas picantes. 
Bibliotecas têm um cheiro especial, atmosfera própria, uma luz particular. Quanto às bibliotecárias, identifico-as pelo olhar. Olhem nos olhos delas, logo verão se gostam do que fazem. Elas têm viço, como se dizia. Levam uma chama nos olhos quando estão entre livros. Circulam pelos corredores entre estantes de modo desenvolto, em passos leves de dança. Por menor que seja a biblioteca pública, elas têm orgulho do que fazem, conhecem o papel que desempenham. Pena que ganhem tão pouco, lutem tanto para manter a dignidade e o sustento. Maria Cristina Barbosa de Almeida, agora à frente da Mário de Andrade de São Paulo - restaurada, refeita, revitalizada -, disse bem sobre a penúria das funcionárias, das gratificações que chegam atrasadas e em parcelas. Ela sintetizou a vida de bibliotecárias, que trabalham por amor aos livros, às literaturas e por nós, autores. Diante de uma bibliotecária devíamos nos curvar em reverência.
Biblioteca, ah, bibliotecas. Encerrei semana passada em Itapeva um circuito de seis cidades, nas quais falei sobre as bibliotecas públicas. Plateias maiores e menores, no meio de livros, envolvidos pelo cheiro de papel velho e papel novo, nos reuníamos em conversas informais, mostrando que literatura é prazer, não uma coisa inacessível, como querem os acadêmicos. Ao voltar, a caminho de São Paulo, vim me lembrando de uma viagem a Monte Carmelo (MG) em que ao visitar a biblioteca na hora do almoço, encontrei-a sob os cuidados de uma faxineira, que nada sabia da localização dos livros, de autores ou de quantos volumes havia. Fiquei desanimado, pô, uma faxineira? Que descaso! Arrependi-me de meu preconceito ao conversar com ela:
- E a senhora gosta da biblioteca?
- Adoro esta hora. Todo mundo sai para comer, fico sozinha, quietinha, não preciso lavar banheiros e salas. Apanho um livro, outro, acostumei a ler. É gostoso, saio voando, esqueço o mundo. Que nunca percebam que leio os livros, se não me tiram daqui.
Não, não tirariam, o mundo não é ruim assim."

Fonte: O Estado de São Paulo, Texto de Ignácio de Loyola Brandão

sexta-feira, 9 de março de 2012

Caminhão-biblioteca

Curiosidade é a primeira reação dos jovens cada vez que um caminhão-baú do Programa de Leitura Petrobras - uma parceria da estatal com a ONG Leia Brasil - estaciona em frente a uma escola. Primeiro, porque a visita é sempre uma festa, literalmente. A direção da escola, já ciente da chegada do caminhão, dedica o dia todo à recepção do veículo. Quando as portas da carroceria se abrem, surge uma grande biblioteca com os mais variados títulos infanto-juvenis, dispostos de forma bem visível. A turma entra e escolhe à vontade o que quer ler. "A idéia é mesmo chamar a atenção, para que todos se envolvam e participem. Um jovem só vai ler se for estimulado, se tiver a curiosidade instigada", diz Telma Santos da Silva, pedagoga e coordenadora do programa em Sergipe. Nesse estado, os caminhões-biblioteca atendem 26 municípios - todo dia eles visitam uma escola diferente. Esses caminhões realmente impressionam os jovens, sobretudo nas cidades menores. Em muitas delas, os próprios moradores, ao verem o entusiasmo dos estudantes, se mobilizam e doam livros para as bibliotecas das escolas locais. "Todo mundo se empolga. Outro dia, um grupo de adolescentes entrou num caminhão e escolheu uma coletânea de livros que falavam dos sete pecados capitais", lembra Telma. "Depois de lerem, eles organizaram sete equipes e montaram uma peça de teatro. Sozinhos, sem a ajuda de nenhum adulto."

Fonte: Revista Nova Escola, Texto de Mariana Sgarioni

quarta-feira, 7 de março de 2012

Leitura não pode ser só folia

Entrevistando Ruth Rocha

A autora acredita que o livro também deve cumprir o papel de enriquecer o vocabulário

Aos 77 anos, a paulistana Ruth Rocha ainda faz muita criança se apaixonar pela literatura. Ela é a autora do clássico Marcelo, Marmelo, Martelo (Ed. Salamandra), um fenômeno editorial que já ultrapassou a marca de 1 milhão de cópias vendidas. Mas sua obra vai muito além. Com mais de uma centana de livros publicados e prêmios importantes no currículo, Ruth já tem dois novos títulos saindo do forno: Solta o Sabiá (Ed. Companhia das Letrinhas) e Quem Tem Medo do Novo (Ed. Global).


O que fazer se uma criança, aos 10 anos, não demonstrar qualquer interesse pela leitura? 
RUTH ROCHA  O primeiro passo é descobrir se ela realmente entende o que anda lendo. Muitas vezes o título não é adequado à sua capacidade de interpretação. Nesse caso, o ideal é partir para a leitura de textos curtos ou pequenos trechos de histórias mais longas. 

O que você acha do estímulo à leitura por meio de atividades lúdicas? 
RUTH Concordo, desde que as propostas sejam desenvolvidas com inteligência e não transmitam a ideia de que a folia e o divertimento têm um papel maior do que a própria leitura. Além disso, os professores deveriam ler os livros infanto-juvenis antes de indicá-los aos alunos.

Qual é o segredo do sucesso de Marcelo, Marmelo, Martelo? 
RUTH Se eu soubesse, faria todos como ele! O que sei é que um bom livro precisa ter verdade, propor novas questões e fazer o leitor pensar. Nunca escrevo porque tal assunto pode agradar ao público infantil, mas sempre preocupada em contar uma boa história e ser fiel aos meus valores. 

Você publicou muitas adaptações de clássicos. É difícil falar a língua das crianças nesse gênero literário? 
RUTH Dou um tom mais infantil à obra, mas não fico tentando buscar palavras que sejam mais fáceis. O livro também é uma forma de enriquecer o vocabulário, e a adaptação precisa respeitar o original. 

A internet ajuda ou atrapalha o desenvolvimento da leitura? 
RUTH Essa tecnologia é muito nova e acho que ainda não se encontrou uma linguagem adequada para ela. Por enquanto, utiliza-se muito a rede para fazer pesquisas, sem saber como fazer isso, porque ninguém ensina. Os alunos copiam e colam no trabalho escolar qualquer bobagem. Outro problema é saber se as informações veiculadas são fidedignas. Nesse sentido, o livro é mais confiável.

Fonte: Revista Nova Escola, edição especial n. 18, Texto de Daniela Talamoni em colaboração com Carol Salle

terça-feira, 6 de março de 2012

Esculturas com Livros

Belíssimo trabalho da artista e diretora de artes Su Blackwell, que trabalha com técnicas de arte em papel desde 2003. Além deste vídeo, a artista possui um site pessoal em que outros trabalhos podem ser conferidos. 


segunda-feira, 5 de março de 2012

Digital x Impresso

"Espalhados pelo chão, empilhados sobre a mesa, em cima das cadeiras, dezenas de livros aguardavam voltar para as estantes, de onde foram retirados por causa de uma pequena obra em casa. Eu acabara de ler no Prosa & Verso uma matéria que me pôs a pensar sobre o futuro deles. Será que teriam utilidade daqui a uns 15 anos? O debate no suplemento era sobre os efeitos do mundo digital sobre a leitura, a competição entre internet e texto impresso, fazendo lembrar a antiga discussão entre o que Umberto Eco chamou de “apocalípticos e integrados”, para definir os que temiam e os que aceitavam a comunicação de massa. No artigo em que procurava desfazer o clima maniqueísta da disputa, Pedro Doria analisava os mais recentes trabalhos que tratam do tema. O apocalíptico dessa história é Nicholas Carr, autor de A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros. Recorrendo ao próprio exemplo, ele confessa que antes passava horas mergulhado em extensos trechos de prosa. “Agora, raramente isso acontece. Minha concentração começa a se extraviar depois de uma ou duas páginas.” Na mesma linha, outro intelectual dizia que ninguém mais lê Guerra e paz por ser “longo demais”. A internet teria mudado nosso jeito de ler, passando de linear, sequencial, para uma forma fragmentada, desatenta, interrompida por hiperlinks. Olhei à minha volta e percebi o quanto havia de volumes “longos demais”, que daqui a pouco estariam condenados, segundo essa tendência. Ali estavam Ulisses, de James Joyce, Gênio, de Harold Bloom, Pós-guerra, de Tony Judt, Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, Os sete pilares da sabedoria, de T.E. Lawrence, entre muitos outros. Será que a humanidade não iria produzir mais uma Divina Comédia, um Os Lusíadas ou um Dom Quixote? Será que só haverá lugar para mensagens de 140 toques? Talvez, se estivermos fabricando o que Carr chamou em entrevista a Guilherme Freitas de “leitor distraído, que não lê com profundidade; passa os olhos no texto, lê na diagonal”. Decodifica apenas, em vez de “um sofisticado ato de interpretação e imaginação”. A questão, porém, é mais complexa, como se depreende do ensaio do professor João Cezar de Castro Rocha na mesma edição. Ele mostra que o advento da palavra impressa causou impacto parecido no universo da palavra falada e escrita. Décadas depois da invenção dos tipos móveis, o livro foi comparado a uma catedral, com um final que se anunciava infeliz: “O livro destruirá o edifício; a imprensa superará a arquitetura.”

Agora, voltou à moda decretar o fim do impresso. Para quem, como eu, acredita na convergência e não no antagonismo entre as tecnologias de comunicação, o consolo é que os que anunciaram a morte da imprensa e do livro morreram antes."

Fonte: O Globo, Texto de Zuenir Ventura

sexta-feira, 2 de março de 2012

Curiosidades literárias

• Balzac possuía uma bengala com a inscrição "destruidor de obstáculos" gravada em latim.

• Júlio Verne, tido como o pai da ficção científica, teve como experiência tecnológica mais excitante um único voo de balão, durante toda a vida.
 

• Chico Buarque não passou numa prova de vestibular que o tinha como tema.

• Fernando Pessoa certa vez marcou um encontro com a poetisa Cecília Meirelles e não compareceu porque seu mapa astral dizia que os dois não deveriam se encontrar.

• A primeira publicação de Jorge Luis Borges se deu antes que ele sequer tivesse tido aulas formais. Tratava-se de uma tradução de um conto do Oscar Wilde, publicada quando o argentino era apenas uma criança.
 

• Victor Hugo nutria um desafeto pelo crítico literário Charles Augustin Sainte-Beuve. O escritor periodicamente visitava a casa do literato vestido de freira e se divertia a valer com a esposa do homem, como vingança.

• No período em que morou na China, o barco em que Camões navegava naufragou na foz do rio Mekong. Sua companheira chinesa, Dinamene, sucumbiu nessa tragédia, quando o poeta português optou por salvar o manuscrito d'Os Lusíadas, já adiantado, à mulher.

Fonte: Revista Literatura: Conhecimento prático, n. 29