quarta-feira, 7 de março de 2012

Leitura não pode ser só folia

Entrevistando Ruth Rocha

A autora acredita que o livro também deve cumprir o papel de enriquecer o vocabulário

Aos 77 anos, a paulistana Ruth Rocha ainda faz muita criança se apaixonar pela literatura. Ela é a autora do clássico Marcelo, Marmelo, Martelo (Ed. Salamandra), um fenômeno editorial que já ultrapassou a marca de 1 milhão de cópias vendidas. Mas sua obra vai muito além. Com mais de uma centana de livros publicados e prêmios importantes no currículo, Ruth já tem dois novos títulos saindo do forno: Solta o Sabiá (Ed. Companhia das Letrinhas) e Quem Tem Medo do Novo (Ed. Global).


O que fazer se uma criança, aos 10 anos, não demonstrar qualquer interesse pela leitura? 
RUTH ROCHA  O primeiro passo é descobrir se ela realmente entende o que anda lendo. Muitas vezes o título não é adequado à sua capacidade de interpretação. Nesse caso, o ideal é partir para a leitura de textos curtos ou pequenos trechos de histórias mais longas. 

O que você acha do estímulo à leitura por meio de atividades lúdicas? 
RUTH Concordo, desde que as propostas sejam desenvolvidas com inteligência e não transmitam a ideia de que a folia e o divertimento têm um papel maior do que a própria leitura. Além disso, os professores deveriam ler os livros infanto-juvenis antes de indicá-los aos alunos.

Qual é o segredo do sucesso de Marcelo, Marmelo, Martelo? 
RUTH Se eu soubesse, faria todos como ele! O que sei é que um bom livro precisa ter verdade, propor novas questões e fazer o leitor pensar. Nunca escrevo porque tal assunto pode agradar ao público infantil, mas sempre preocupada em contar uma boa história e ser fiel aos meus valores. 

Você publicou muitas adaptações de clássicos. É difícil falar a língua das crianças nesse gênero literário? 
RUTH Dou um tom mais infantil à obra, mas não fico tentando buscar palavras que sejam mais fáceis. O livro também é uma forma de enriquecer o vocabulário, e a adaptação precisa respeitar o original. 

A internet ajuda ou atrapalha o desenvolvimento da leitura? 
RUTH Essa tecnologia é muito nova e acho que ainda não se encontrou uma linguagem adequada para ela. Por enquanto, utiliza-se muito a rede para fazer pesquisas, sem saber como fazer isso, porque ninguém ensina. Os alunos copiam e colam no trabalho escolar qualquer bobagem. Outro problema é saber se as informações veiculadas são fidedignas. Nesse sentido, o livro é mais confiável.

Fonte: Revista Nova Escola, edição especial n. 18, Texto de Daniela Talamoni em colaboração com Carol Salle

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