A autora acredita que o livro também deve cumprir o papel de enriquecer o
vocabulário
Aos 77 anos, a paulistana Ruth Rocha ainda faz muita
criança se apaixonar pela literatura. Ela é a autora do clássico Marcelo,
Marmelo, Martelo (Ed. Salamandra), um fenômeno editorial que já ultrapassou a
marca de 1 milhão de cópias vendidas. Mas sua obra vai muito além. Com mais de
uma centana de livros publicados e prêmios importantes no currículo, Ruth já
tem dois novos títulos saindo do forno: Solta o Sabiá (Ed. Companhia das
Letrinhas) e Quem Tem Medo do Novo (Ed. Global).
RUTH ROCHA O primeiro passo é descobrir se ela
realmente entende o que anda lendo. Muitas vezes o título não é adequado à sua
capacidade de interpretação. Nesse caso, o ideal é partir para a leitura de
textos curtos ou pequenos trechos de histórias mais longas.
O que você acha do estímulo à leitura por meio de
atividades lúdicas?
RUTH Concordo, desde que as propostas sejam
desenvolvidas com inteligência e não transmitam a ideia de que a folia e o
divertimento têm um papel maior do que a própria leitura. Além disso, os
professores deveriam ler os livros infanto-juvenis antes de indicá-los aos
alunos.
Qual é o segredo do sucesso de Marcelo, Marmelo,
Martelo?
RUTH Se eu soubesse, faria todos como ele! O que sei
é que um bom livro precisa ter verdade, propor novas questões e fazer o leitor
pensar. Nunca escrevo porque tal assunto pode agradar ao público infantil, mas
sempre preocupada em contar uma boa história e ser fiel aos meus valores.
Você publicou muitas adaptações de clássicos. É difícil
falar a língua das crianças nesse gênero literário?
RUTH Dou um tom mais infantil à obra, mas não fico
tentando buscar palavras que sejam mais fáceis. O livro também é uma forma de
enriquecer o vocabulário, e a adaptação precisa respeitar o original.
A internet ajuda ou atrapalha o desenvolvimento da
leitura?
RUTH Essa tecnologia é muito nova e acho que ainda não se
encontrou uma linguagem adequada para ela. Por enquanto, utiliza-se muito a rede
para fazer pesquisas, sem saber como fazer isso, porque ninguém ensina. Os
alunos copiam e colam no trabalho escolar qualquer bobagem. Outro problema é
saber se as informações veiculadas são fidedignas. Nesse sentido, o livro é
mais confiável.
Fonte: Revista Nova Escola, edição especial n. 18, Texto de Daniela Talamoni em colaboração com Carol Salle
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