segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O livro é um mundo mágico


Entrevistando Tatiana Belinky

Para a escritora, cabe tudo dentro dele: castelos, florestas, cidades inteiras!

A história de vida de Tatiana Belinki é tão emocionante quanto os livros que ela escreve para as crianças. Nascida na Rússia, poliglota e escritora desde sempre, chegou ao Brasil aos 10 anos, fugindo com a família das mazelas da guerra civil provocada pela revolução comunista que, em 1917, fez nascer a antiga União Soviética. Seu primeiro livro infantil, Limeriques (Ed. FTD), foi publicado em 1987. Hoje, aos 89 anos, ela continua escrevendo - à mão, com uma caligrafia que não envelhece com o passar do tempo.

Como estimular a leitura entre crianças de até 3 anos?
TATIANA BELINKI Não fico me preocupando com idade. Escrevo o que me dá vontade naquele dia, e a faixa etária que me escolha. Mas o fundamental é ler histórias, ter sempre muitos livros por perto e cantar. Música é fundamental, mas tem de ser de qualidade. É por isso que, no mundo inteiro, existem as músicas de acalanto. Elas são feitas para assustar, mas a letra não importa. A criança ouve o acalanto, depois a voz da mamãe e, em seguida, dorme muito bem.


Qual o significado da fantasia no universo da criança?
TATIANA A fantasia é tudo. Sempre digo aos pequenos que o livro é um objeto mágico, muito maior por dentro do que por fora. Por fora, ele tem a dimensão real, mas dentro dele cabe um castelo, uma floresta, uma cidade inteira... Um livro a gente pode levar para qulquer lugar. E com ele se leva tudo.

Por que os contos acumulativos - aquele em que, sucessivamente, se vão acrescentando novos elementos - funcionam tão bem com bebês?
TATIANA Todo mundo gosto de repetição, inclusive as crianças, porque fica mais fácil de memorizar. Quem gosta demais de alguma coisa sempre quer experimentá-la de novo. Isso vale para tudo: do prato que você não cansa de pedir no restaurante ao livro que a gente lê e relê inúmeras vezes.

Livro infantil que se preze deve ter "Moral da história"?
TATIANA Não gosto disso. Uma vez, a dona Benta contou uma história cuja moral era "fazer o bem sem olhar a quem". A Emília discordou: "Para os maus, paus!". Que me desculpe a Capitu (personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis), mas a Emília é a mulher mais inteligente do Brasil! E, além de tudo, é mágica! Eu queria ser mágica. Queria ser uma bruxa. Mas bruxa bonita, como a madrasta da Branca de Neve.

Fonte: Revista Nova Escola, edição especial nº 18

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