Artista americano cria quadros e esculturas cheias de vida com jornais e livros que iriam para o lixo
"Nos últimos anos, vi minha coleção de músicas e filmes se encolher para meu computador. Eu costumava trabalhar como designer de produção de filmes com baixíssimo orçamento e, para criar os cenários, eu usava livros e jornais, porque a mim eles pareciam tornar o set mais real, mais humano. E, em vez de me desfazer deles, os livros que eu garimpava acabavam voltando para meu apartamento. Passei a metamorfosear as folhas de jornal nas mais diversas formas, dissecar livros em esculturas - reciclar o que normalmente iria para o lixo em uma forma de
arte. De uma hora para outra, minhas esculturas de jornal com braços e pernas passaram a ganhar vida, interagir com as pessoas graças à internet (olha o paradoxo!). As fotos das minhas obras começaram a se espalhar e meu trabalho, a ficar conhecido... Acho que o que eu faço tem um apelo com as pessoas por usar materiais com os quais estamos perdendo cada vez mais contato. Minha arte reflete a transformação vertiginosa que vem sendo dirigida pelo imediatismo da mídia e por nossa dependência do 'click'. Essa recriação da palavra impressa - transformando um livro ou jornal em uma escultura - é uma forma de dar existência nova a ela. É a isso que minha arte essencialmente se refere: renovação. Eu tento manter as palavras impressas ainda vivas. Pelo menos nas prateleiras e nas paredes, se não mais nas nossas mãos."
Nick Georgiou é artista plástico americano, vive em Tucson, no Arizona, e tem grande paixão pelos livros e pelas palavras impressas. myhumancomputer.blogspot.com
Fonte: Revista Vida Simples, Texto de Débora Didonê, Lívia Lisbôa, Rafael Tonon e Tadeu Meyer.
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